Dia 26 de Julho foi declarado o Dia dos Avós... Mas que grande estupidez!... É como festejar o Dia do Pai ou o Dia da Mãe... Seremos sempre mães e pais independentemente da idade que os nossos filhos tenham e, independentemente, de estarmos por cá ou não.... O mesmo acontece com os avós. Não é por estarem fisicamente ausentes que deixam de ser nossos avós e por isso o seu dia será sempre todos os dias...
Já não tenho os meus avós por perto. Este ano o último membro dessa geração abandonou-nos ao fim de quase 7 anos confinado a uma cama de um lar. Sinto saudades de todos eles que, à sua maneira (tão diferentes uns dos outros, Meu Deus!!), me transmitiram coisas boas para a minha vida e para o meu desenvolvimento como pessoa, como mulher e como mãe.
Os meus avós paternos sempre estiveram longe (fisicamente falando) mas sentia a sua ternura cada vez que nos encontrávamos. O sorriso malandro da minha avó Flora quando falávamos de paixonetas ou da sua descontracção quando dizia que não gostava de qualquer coisa. Não tinha qualquer problema em dizer o que pensava. Lembro-me que, mesmo doente (Parkinson), não dispensava o seu baton vermelho e um cigarrinho que lhe dava um certo estilo eheheheheh. O avô Ramiro é o que sinto mais presente pois o meu pai herdou tudo dele: a fisionomia, o ar malandro quando quer tentar fazer um ar sério mas não consegue, o amor gigantesco que tinha pela minha avó e a maneira como desligava o aparelho (era muito surdo ihihihihih) para ouvir apenas o que queria. As maiores lembranças que me ficaram deles os dois foi o Amor que os unia e a maneira como nos contagiava a todos. Faziam anos no mesmo dia e foi nesse dia que casaram: 31 de Outubro. Ainda hoje nos juntamos nesse dia, conforme dita a tradição.
Os meus avós maternos, por força das circunstâncias, sempre estiveram mais próximos de mim. A minha avó foi professora e por isso tinha uma vertente educacional muito presente em tudo. Lembro-me de cantarolar a tabuada (ai de mim que não soubesse eheheheh) e de, nas férias ou em dias em que não havia aulas por qualquer razão, eu ir lá para casa e ajudá-la nas tarefas domésticas. Sempre que ando em arrumações lembro-me de ela me ensinar a puxar o lustro às torneiras da casa de banho eheheheheh Deve andar muito zangada comigo eheheheheheh. Recordo-a muito através de sabores... A canja e o peixe cozido com puré são duas coisas que me fazer regressar à infância quando ainda nem chegava com os pés ao chão sentada na cadeira da mesa de jantar... "Bisneca" era como me tratava muitas vezes e tinha um sorriso lindo.
O meu avô Zé levou-nos a passeios à "Conchinchina" e em busca de tesouros perdidos (molas da roupa... Muitas molas da roupa). Era mais distante mas sei que, à sua maneira, gostava muito de nós. Foi com ele que fui a um restaurante chinês pela primeira vez... No inicio da Primavera ou do Outono (nos inicios das estações), levava-nos à baixa para irmos às compras, e almoçar e passear. Se ele soubesse como adorava esses dias... Não era pelas compras mas sim pela certeza de um dia bem passado e pelas histórias que contava enquanto passeávamos pelas ruas estreitas de Lisboa. Muitas delas ouvi mais do que uma vez, mas não interessava! O meu avô era notário num Cartório na Rua do Almada. Também fui para lá algumas vezes quando não tinha aulas e entretinha-me com os 500.000 carimbos que tinha na secretária e sentava-me quietinha a observar as escrituras e essas coisas que tal... Acho que nunca lhe disse como estas pequenas coisas me davam tanto gozo... Espero que ele soubesse. Foi o único a conhecer a Madalena e criou com ela laços que nunca pensei ser possivel... Ainda hoje a Micas fala dele com um orgulho desmedido: "O meu bisavô também era muito guloso... Como eu!!", é o que diz tantas e tantas vezes...
Para os meus avós muitos beijos de saudades. Para os avós da minha filha, obrigada por nos ajudarem nesta jornada. Para todos os outros avós que todos os dias se sintam abençoados pelos filhos, netos e bisnetos que fazem parte da vossa vida. Eles, certamente, sentir-se-ão abençoados com a vossa presença.